sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Os ânimos rejuvenescendo

Você sabia, Fulgor, que essa é a mulher mais bela que se deu sobre a terra? Cheguei a acreditar que tinha perdido essa mulher para sempre. Mas agora não tenho vontade de tornar a perdê-la. Você me entende, Fulgor? Diga ao pai dela que continue explorando suas minas. E lá... imagino que seja fácil sumir com o velho naquelas bandas onde ninguém vai jamais. Você não acha?
Pode ser.
Precisamos que seja. Ela tem de ficar órfã. Temos a obrigação de amparar alguém. Você não acha?
Não parece difícil.
Então, andando, Fulgor. Andando.
E se ela fica sabendo?
Quem é que vai dizer? Vamos ver, me diga, cá entre nós, quem é que vai dizer?
Tenho certeza que ninguém.
Pois pode tirar essa coisa de “tenho certeza que”. Tira já, e você vai ver como tudo dá certo. Lembre-se do trabalho que deu encontrar La Andromeda. Mande o velho para lá, continuar trabalhando. Que vá e volte. Nem pensar em levar a filha junto. Nós cuidamos dela aqui. Lá estará o seu trabalho e aqui a sua casa, a qualquer momento que ele quiser. Diga isso a ele, Fulgor.
Torno a gostar do jeito que o senhor se movimenta, patrão, é como se os seus ânimos estivessem rejuvenescendo.
Juan Rulfo, in Pedro Páramo

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