quarta-feira, 31 de maio de 2017

Enrique Banchs

Um homem cinza. A sorte nua
fez que não o quisesse uma mulher;
essa história é a história de cores qualquer
mas de quantas há sob a lua
é a que mais dói. Terá pensado
em se tirar a vida. Não sabia
que essa espada, essa amargura, essa agonia,
eram o talismã, que lhe foi dado
para alcançar a página que vivia
além da mão que a escrevia
e do alto cristal de catedrais.
Cumprido seu labor, foi obscuramente
um homem que se perde entre a gente;
nos deixou coisas imortais.
Jorge Luis Borges

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