sexta-feira, 29 de julho de 2016

Shakespeare

A Coletânea era um corredor ocupado por livros, revistas e jornais, em um ponto nobre da Rua da Praia, diante da Praça da Alfândega e ao lado do Largo dos Medeiros. Lugar de encontro de intelectuais e leitores que marcou época na Porto Alegre dos anos 60, tinha em Quintana um visitador diário.
Arnaldo Campos, o dono, um dos livreiros mais respeitados da cidade, colecionador de edições históricas, estava por perto no dia em que uma jovem senhora ficou radiante ao reconhecer Quintana como o ilustre folheador ao seu lado. Observou-o algum tempo, aproximou-se. Aparentemente sem saber de que forma fazer a melhor abordagem, identificou-se como professora e foi fundo:
Poeta, o que devo ler para entender Shakespeare?
Com o dedo indicador preso no meio do livro que estava examinando, Quintana orientou, imperturbável e honestamente:
Shakespeare, minha filha!
Juarez Fonseca, in Ora bolas! - O humor de Mário Quintana

Nenhum comentário:

Postar um comentário