sábado, 30 de janeiro de 2016

Vocês, os razoáveis

Oh! Essa gente sensata! - exclamei, sorrindo. - Paixão! Embriaguez! Loucura! Vocês, os razoáveis, permanecem tão calmos, tão indiferentes, condenando os bêbados, repelindo os tresloucados, e seguem seu caminho como um sacerdote e agradecem a Deus, como um fariseu, por Ele não os ter feito iguais aos outros. Mais de uma vez embriaguei-me, vivi paixões que me levaram à beira da loucura, e de nada me arrependo, pois dessa forma compreendi por que homens notáveis, de todos os tempos, que fizeram alguma coisa expressiva, alguma coisa grande, foram chamados de bêbados ou loucos. Entretanto, mesmo na vida mais comum, quando alguém realiza algo inesperado, diferente, é insuportável ouvirmos a acusação: “Esse homem está bêbado, está fora de si!”. Os homens sensatos são uma vergonha!”
Goethe, in Os sofrimentos do jovem Werther

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