sábado, 26 de setembro de 2015

Não

Dizer não

Mesmo quando o vidro moído da palavra magoar sua garganta.
Colocar a mão na fogueira e acariciar
as brasas, ainda que sua pele
descole feito a de um tomate.
Apagar
as luzes e abraçar os mortos-vivos.
Morder, mesmo sem as presas de um cão.
Uivar. Dizer não até
a náusea: esse amor indulto,
esse desvelo sem glória
em que só os condenados
insistem.
Adriana Lisboa

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