sábado, 16 de agosto de 2014

Risadas descomunais

“Escutando as risadas descomunais de alguns companheiros de trabalho, que se divertem enchendo a noite de urros, pergunto a mim mesmo o que é o riso. Bergson definiu-o num pequeno livro magistral. E eu, sem pretender entrar na sua metafísica, acho apenas que é a explosão de um ser recôndito e monstruoso, uma pura vitória do ‘outro’ que irracionalmente nos habita. Não somos nós, não é a consciência que dita aquele ruído – ao contrário, esquecemos tudo, entregamo-nos a uma noite inesperada e violenta, transmitindo através desse cascatear absurdo, a voz de alguém que ordinariamente o espírito domina.”
Lúcio Cardoso, in Diários

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