quarta-feira, 11 de junho de 2014

Indiferença ante a morte

“Admirável, realmente, o indiferentismo fatalista do camponês húngaro, que morre sem relutância nem amargura. Ao declarar – ‘Cumpriu-se o meu destino’ – inclina docilmente a cabeça e começa a ditar ao senhor notário suas disposições de última vontade. Ou ainda pergunta: ‘- Que tenho mais que fazer aqui?’ Assim agiu Csépi Marci, o velho guarda-noturno, quando perdeu o seu modesto emprego. ‘- Que é que temos?’ – perguntou à mulher. Tinham ainda um pão e um pouco de repolho cru no fundo do tonel. Foi o bastante para nutrir Marci durante dois dias; e quando, à noitinha do segundo dia acabou de engolir o último pedacinho de pão, deitou-se no banco do forno, colocou as botas debaixo da cabeça, fechou os olhos e morreu, certo de que não tinha mais nada que fazer neste mundo de misérias.”
Mikszáth Kálman, in A Mosca Verde e o Esquilo Amarelo

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