domingo, 24 de março de 2013

Das artes do mundo

Se perguntarem: das artes do mundo?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos
recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, 

as noites,
caem dentro dos dias – e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo. 
Herberto Helder

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