quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Centauro - Desafio*



O Centauro

Nasci numa verde campina
De coice, casco, anca e crina
De peito, dorso e olho forte.
- Criei-me virado pro norte.

Meu porte era príncipe e pelo
Meu corpo dourava meu pelo.
Meu signo – abril - era Touro
- Nasci sem temer matadouro.

Galope, galardo, galante.
Valente, valoroso, vadiante.
Fui xucro, sem sela, selvagem.
- Não fui parte, eu era a paisagem!

Beleza de Pégasus e fúria,
- Sem marca e sem ter ferradura.
Em raio e relâmpago a raça.
De corpo corcel a couraça.
Mas manso em malícia e meloso
Em arrodear égua em ouso...
E assim me cresci tempo afora
E vim dar nos tempos de agora.

E que por cavalo me tomem,
Que estes, então, não me domem,
Porque, quem domar pode o homem,
Quem nunca o animal domar pôde?
E logo, quem não domar pode
O bicho ou o homem, então como
Domar se a mim não me domo?

É que bicho ou homem já é raro,
então domar como, um CENTAURO?...
Paulo César Pinheiro

Desafio
Éramos eu e um cavalo
No seu galope macio
Pulando cerca de arame
Pisando morro de pedra
Andando em leito de rio.

Éramos eu e um cavalo
E era um cavalo bravio
Casco de lâmina forte
Andar de chão de montanha
Crina de véu e pavio
Ele bufando fagulha.

E eu contraído de frio
Mandado pelo barroso
Éramos eu e um cavalo
Indo de encontro ao vazio.

Éramos nós e os cavalos
Feitos do mesmo feitio
Vindo de todos os lados
E sobre eles sangrentos
Seus cavaleiros sombrios.

Éramos nós e os cavalos
A nos causar calafrios
Todos os outros já mortos
Por essa causa contrária
Que se chamou poderio.

E eu com uma bala no peito
Meu alazão nos baixios
Caímos da cordilheira
Deixando a causa nas lendas
Pra quem quiser desafio.
Composição: Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro

* No CD Casa de Morar, de Renato Braz

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