sábado, 24 de novembro de 2012

Quando homens de bem acabarem mal

“Vem em seguida uma consideração que muitas vezes, e não sem motivo, entristece nosso espírito e o mergulha na maior inquietude; quando vemos pessoas de bem acabarem mal – Sócrates constrangido a morrer prisioneiro; Rutílio a viver no exílio; Pompeu e Cícero a se entregarem aos seus clientes; e Catão, este Catão enfim, viva imagem da virtude, reduzido a testemunhar publicamente, atirando-se contra sua espada, que a república perecia ao mesmo tempo que ele. Como não se afligir com a ideia de que a fortuna paga tão injustamente os méritos dos homens? E que esperar para si mesmo, quando os melhores dentre eles são os mais maltratados?
Mas, que se deve então fazer? Observa como cada um destes grandes homens suportou seu destino; e se eles mostrarem coragem, ambiciona a mesma firmeza de alma. Se forem fracos e covardes diante da morte, sua perda é indiferente: ou eles são dignos de que os admiremos por sua bravura, ou sua covardia os torna indignos de pena. Não será vergonhoso, se a morte heroica destes homens de coragem fizesse de nós apenas covardes? Glorifiquemos um herói digno de tanta glória e digamos: ‘Ó bravo! Ó afortunado homem! Eis que tu escapas a todas as misérias, à inveja, à morte; eis-te a sair da prisão. Longe de te julgarem digno de uma má sorte, os deuses estimaram que merecestes estar para o futuro ao abrigo da tirania da fortuna’. Quanto àqueles que querem salvar-se e que no limiar da morte se voltam para a vida, é preciso empurrá-los com viva força para seu carrasco.
Eu não chorarei nem por quem se alegra nem por quem chora: o primeiro seca minhas lágrimas antecipadamente e o outro torna-se por suas lágrimas indigno das dos outros. Vou eu chorar por Hércules queimado vivo; por Régulo crivado com mil pontas ou por Catão, que suportou com coragem tantos golpes? Todos estes heróis, pelo sacrifício de uma insignificante parte de sua existência, souberam tornar-se eternos e a morte foi para eles o caminho da imortalidade.”
Sêneca, in Da tranquilidade da alma

Um comentário:

  1. Quando homens de bem acabarem mal,
    Lula, Zé Dirceu, Dilma, Sarney, Maluf, Cachoeira e Cavendish acabarão bem.

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