sábado, 28 de abril de 2012

A Diva

Você se lembra de seu primeiro amor? A excitação infindável da novidade, a descoberta de sua faceta adulta, todos os prazeres e dores…
Agora, imagine se o objeto desse amor inaugural fosse a pessoa mais famosa – e desejada – do mundo. Imagine se, ao menos por alguns dias, em seus braços estivesse Marilyn Monroe.
Pois bem, é esse o pano de fundo de “Sete Dias com Marilyn” (“My Week With Marilyn”, de Simon Curtis).


Ali, o enredo se desenvolve ao redor de Colin Clark (o gracinha Eddie Redmayne), quem, no alto de seus 23 anos, se vê como o terceiro assistente de diretor de um filme, “O Príncipe Encantado”, estrelado por ninguém menos que Marilyn Monroe (belíssima atuação, indicada ao Oscar, de Michelle Williams) e Lawrence Olivier (Kenneth Branagh) e, de quebra, acaba se tornando amante e confidente da estrela principal.
Colin, com toda sua inocência, não apenas se apaixona pela irresistível platinada curvilinea, como também atua como instrumento para que nós, espectadores, enxerguemos parte da faceta humana da personagem femme fatale.
Mais do que isso, ao lado do garoto – e a partir de seu ponto de vista – somos capazes de enxergar as facetas mais humanas (e frágeis) de Marilyn.
H.L. Mencken já alertara que:
O que os homens tomam como beleza em si próprios normalmente não passa de uma pompa oca, uma revoltante ostentação, o espendor superficial de um saracoteio animal (…) Ele sucumbe a um par de olhos bem pintados, a um torneio gracioso de um corpo, a uma compleição sintética ou a uma bela amostra de pernas, sem dar a minima atenção ao fato de que ali pode haver uma mulher inteira, e que as idiossincrasias desse cérebro são muito mais importantes do que todos os estigmas físicos combinados. (…) O ideal de seu sexo é sempre uma mulher bonita, e a vaidade e a frivolidade que costumam acompanhar a beleza tornam-se os totens do encanto” (MENCKEN, H.L.,O Livro dos Insultos, Ed. Companhia das Letras).

E é essa fragilidade da realidade, aliada à potência do desejo, que fazem desse filme tão forte: uma paixão, em si, já é capaz de transpor quaisquer defeitos da pessoa amada; uma paixão por uma diva, porém, ultrapassa os últimos limites da razão (humilhação e subserviência se confundem; idolatria se mistura com ilusão), e faz o pobre amante querer – incondicionalmente – em vão.


Fonte: blogreverb.wordpress.com (A diva, por Flora)

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