sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sonetos Sacros - VI

É minha última cena, aqui o céu demarca
A última milha para a última caminhada;
E eu sigo a esmo, e às pressas; na última polegada
A andar, o último instante, que o tempo vem e abarca;
E a morte, essa glutona, separará em breve
Meu corpo, e a alma, e vou dormir por longo espaço,
Mas o que não dorme em mim verá então, a um passo,
A face que já temo, e que ninguém descreve;
Então, como minha alma volta ao céu, que a conduz,
E o corpo, que é da terra, na terra vai ficar,
Caem meus pecados – todos a isso é que fazem jus –
No inferno onde os geraram, podendo me arrastar.
Considera-me um justo, limpo do mal imundo,
Que assim deixo o demônio, deixando a carne, o mundo.

John Donne

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